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Um Romance Complicado 4

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Sassatelli17's avatar
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Logo que acabou de almoçar, Jareth foi para os seus quartos trocar de roupa. Queria que Miriam o visse e o achasse deslumbrante, maravilhoso. Trocou de roupa muitas vezes com a ajuda da magia. Mas parecia que nenhuma roupa era boa o bastante. Alexa apareceu a certo momento para verificar o motivo da demora. Embaraçado, Jareth pediu-lhe uma opinião.
"Eu penso que ela vai gostar de o ver de forma mais simples, meu senhor. Não me pareceu o tipo de rapariga que gosta de demasiados enfeites."
Jareth fez uma careta ao voltar a olhar a sua imagem ao espelho. Ele sempre adorara a teatralidade. Mas se era preciso fazer concessões...
"Seja." Murmurou enquanto trocava mais uma vez de roupa. Camisa creme com longas mangas e calças castanhas. "E agora?" Inquiriu, lançando um olhar de enfado a Alexa.
"Acho que assim vai ser melhor." Assentiu Miriam, com um sorriso compreensivo nos lábios .
Jareth olhou mais uma vez para o espelho.
"Terei outros dias para a impressionar de certeza." Pensou ele, como se estivesse a fazer o maior dos sacrifícios.
"Ela está pronta, senhor.Á sua espera." Anunciou Alexa.
"Então vamos a isso."
Jareth pensou em transportar-se com magia directamente para dentro do quarto. Porém, não sabia se seria o melhor modo de fazer as coisas.Quase de certeza, Miriam ficaria assustada.
Por isso transportou-se apenas até á porta do quarto e bateu á porta como qualquer pessoa.
"Entre." Ouviu-se uma voz doce e melódica. O coração de Jareth acelerou um pouco, inexplicavelmente.
Girou a maçaneta e penetrou no quarto. Depois da pouca iluminação dos corredores, ficou encadeado por um momento com a luminosidade do quarto. Tinham afastado completamente as cortinas e a janela enorme estava aberta, deixando entrar o perfume característico do submundo naquela altura do ano. Miriam estava sentada num sofá comprido, com as pernas cobertas por uma manta de pele. Usava um dos vestido que ele tinha arranjado para ela.
"Boa tarde." Cumprimentou ela, sorrindo-lhe.
Jareth estava como que extasiado. Olhava para ela sem conseguir dizer palavra. Ela era mesmo linda. Ainda tinha algumas marcas no rosto, mas era tão bonita. O seu cabelo estava preso atrás, mas tinham-lhe deixado duas madeixas a emoldurar o rosto com a franja. Os olhos eram de um castanho muito bonito, claro. Com os seus olhos de Fae, Jareth podia ver partículas de azul  no meio do castanho. A descoberta fascinou-o. Entretanto percebeu que estava a ser muito rude.
" Boa tarde." Cumprimentou ele, como se nada fosse."Desculpa o meu atraso. Tive importantes assuntos a tratar. Como te sentes, minha querida?"
"Sinto-me bem. E devo-o agradecer apenas a ti."
Jareth sentou-se num cadeirão em frente ao sofá onde estava Miriam.A presença dela perturbava-o. Afinal a sua teatralidade iria ser bem necessária se queria manter a compostura.
" Lembraste da noite em que nos vimos?" Perguntou ele, para perceber como dirigir o resto da conversa.
"Lembro-me.Com algumas falhas. O teu nome é Jareth." Miriam falou como se tentasse recordar um sonho que teimava em lhe fugir por entre os dedos.
"Sim,é esse o meu nome. Sabes onde estás?"
"Acho que sim. Já me falaram nisso." Respondeu ela, procurando com os olhos Alexa. Mas esta tinha deixado o quarto, para dar privacidade a ambos.
"Já? E onde estás? Diz-me tu."
"Estou no reino das fadas. Não é isso?"
Jareth não conseguiu conter uma gargalhada. No geral ela não deixava de ter razão, claro. Mas no essencial, estava algo longe  da verdade.
Miriam fez uma cara confusa e envergonhada, tirando a vontade de rir a Jareth.
"Desculpa-me pela reação"  Pediu enquanto recuperava a compustura. " Mas apenas me ri porque não estás inteiramente certa."
"Não? Então, onde estou?" Quis ela saber.
"Estás no universo das fadas, ou melhor, dos Fae. Mas neste momento estás no reino de Goblin.  Ou seja, no reino de umas criaturazinhas pequenas, mal-cheirosas e por vezes completamente insuportáveis."
"Aqui não há fadas então?" Inquiriu Miriam, claramente interessada em descobrir como as coisas funcionavam.
"Depende de que tipo de fadas falas. Os humanos fazem mal as distinções entre as nossas espécies."
" O que queres dizer?"
"Olha para mim, por exemplo." Jareth levantou-se e deu uma volta sobre si mesmo, para que ela o observasse. Depois voltou a sentar-se. " Eu sou um Fae. Na maneira de ver humana, sou uma fada. Mas se visitares os jardins, também lá estão fadas. De uma raça inferior, que vivem nas flores e que mordem quem tentar tocar-lhes directamente ou numa das flores sem pedir licença."
"Mordem mesmo?"
"Sim, mordem mesmo." Confirmou ele, com uma voz suave, compreensiva. "Temos jardineiros que por vezes têm de as atordoar para poder colher flores."
"Então, quantas espécies de fadas existem?"
"É algo impossível de dizer com certezas. Conheço quem tenha passado toda uma vida a estudar o assunto e nunca tenha chegado a um número certo. E além das fadas, existem outras centenas de criaturas. Aqui,temos imensas.É só uma questão de escolher qual a que te pareceria mais feia, mais ridícula, mais engraçada, mais bela..."
"Não são perigosas?"
"Não, nem por isso."Jareth tentou acalmar-lhe qualquer receio. "Algumas são muito brincalhonas. Até demais.Mas não as podemos deixar brincar até ao limite.Isso sim as tornaria perigosas."
Jareth estava agora confortavelmente recostado no assento, enquanto Miriam o observava atentamente.De ínicio, Miriam pensara que os olhos dele tinham cores diferentes. Agora percebera que num deles havia o que se poderia chamar um defeito.A pupila estava dilatada, fazendo o olho parecer castanho. Coisa estranha. Os Fae não deveriam ser criaturas perfeitas? Se bem que tirando aquele detalhe, Jareth lhe parecia muito perfeito. Se o tivesse encontrado numa rua, teria olhado para ele de certeza. Tinha uma certa aura de mistério a rodeá-lo e também um qualquer coisa de perigoso. No entanto, tirara Miriam de uma situação complicada, e poderia ter feito muitas coisas em vez de ajudar. Só por isso , Miriam sentia que podia confiar nele. O cabelo dele era interessante, desafiava a gravidade natural. E o mais engraçado, parecia ser aquele o aspecto normal nele.  
Subitamente, Jareth fez algo inesperado. Inclinou-se para ela e pegou-lhe no rosto colocando uma mão sob o seu queixo. Os seus rostos ficaram muito próximos. Delicamente, Jareth soprou sobre a cara de Miriam. Depois afastou-se e do nada fez surgir um pequeno espelho.
"Vê. Tirei as marcas que tinhas no rosto." Murmurou ele, estendendo o espelho para que ela se visse. Parecia incomodado ao falar do assunto. Ou talvez por a ter tocado.
Realmente, todas as marcas tinham desaparecido. Miriam não pode conter uma exclamação de espanto.
"É magia?"
"Sim. Gostas?"
Miriam corou imenso.
"Obrigada. Foste muito amável."
"Estás um pouco pálida, minha querida. Não tens o hábito de apanhar sol?"
"Nem por isso. Mas tu também és pálido."
" Os Fae geralmente são pálidos. É normal. Mas os humanos têm ganho o hábito de apanhar bronzeado nos últimos anos."
"Alguns, sim."
"Tu não?"
"Não tinha muitas oportunidades." Respondeu Miriam simplesmente, evitando mais questões.
"Nesse caso, logo que estejas melhor eu levo-te aos jardins. Era bom que os visses antes que venha o inverno. Depois serão demasiados tristes e frios para que os possas apreciar."
"Falas a sério?"
"Claro que falo a sério." Escandalizou-se Jareth inesperadamente. " Eu nunca prometo nada que não faça."
Miriam assustou-se com a reacção dele e encolheu-se sobre si mesma. Jareth viu-a tremer, como se tivesse muito frio. Demorou uns momentos a perceber o motivo do medo dela.
Levantou-se do cadeirão e ajoelhou no chão à frente dela. Miriam tentou a todo o custo desviar o olhar do dele.
Intimamente, Jareth amaldiçoou-se pelo que acabara de fazer. E no entanto, quase nem levantara o tom de voz. Miriam porém não parecia ser capaz de gerir a tensão.
"Minha querida, perdoa-me." Pediu ele. " Não fiz por mal, não te queria assustar. Se quiseres, eu posso sair do quarto agora mesmo."
"Não. Podes ficar." Quase gaguejou ela.
Jareth tentou tocá-la, acariciar-lhe uma mão, mas ela repudiou o toque dele.
" Pobre rapariga. O que foi que te fizeram?" Perguntou-se ele, convicto de que se um dia descobrisse o responsável, ele iria pagar bem caro.
Este não ficou muito bom, mas andava a enervar-me não publicar nada. A questão é que enquanto escrevia no caderno dei um salto na história um bocadinho grande (tipo 4 ou 5 capitulos) e agora tenho de voltar atrás e fazer o que falta até poder publicar os outros.

I know, is not too good. But I feel like if I have to publish something today.
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